

Por que buscar tão longe, uma verdade, revelação, encontro com Deus, se podemos tocá-lo tão perto de nós? Do trato habitual com Jesus Cristo nasce o desejo de nos encontrarmos com Ele sempre: na Eucaristia, na contemplação ou meditação, na Palavra… Nessa viagem, o Novo Testamento e o nascimento da nossa Igreja cristã, nos foram apresentados dentro do contexto de lutas e desafios, encontrados por aqueles poucos homens profundamente tocados por seu relacionamento com o Filho de Deus.
O cenário onde tudo aconteceu torna-se realidade quando saltam aos nossos olhos os locais de pregação de Paulo, o refúgio de João que recebeu a incumbência de acolher Maria, as distâncias percorridas por eles. O local onde Maria viveu após a ascensão de Jesus é muito mais longe e difícil de ser atingido do que eu imaginava. No alto de uma montanha, sujeita ao clima inóspito do inverno, longe de seus entes queridos. Maria já havia vivido a experiência do exílio, e se submete novamente a essa atribulação por conta da perseguição à igreja nascente, deixando para nós uma lição tão grandiosa de entrega aos planos de Deus, mas que muitas vezes passa despercebida.
E o que dizer de Paulo? Em meio a inúmeras contradições, demonstrou atitude, gestos, testemunhos e viveu a experiência de levar Jesus em locais absurdamente diversos como a depravada Corinto, a mercantilista Éfeso, e a soberba Atenas da época… Hoje mudou a moeda, o Império trocou de mãos, mas o contexto de acolhimento a mensagem do Evangelho mantém o mesmo cenário.
E João? E as sete igrejas do Apocalipse? Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia? Todas na Turquia, suas ruínas impactam pela proximidade muitas vezes ostensiva de monumentais mesquitas islâmicas. Parece que o recado é quase esse: nessa terra, mandamos nós, não há espaço para a cristandade. Doeu ver no museu ao ar livre em Goreme, nas obras primas do séc. XI e XII artisticamente gravadas no seu interior, as figuras de Cristo e dos apóstolos com o rosto depredado com fúria. Hoje, o mosteiro foi tombado pela UNESCO e é aberto a visitação, mas sabe-se lá o que aconteceria se não houvesse essa apropriação? No mais, a bandeira do Vaticano somente sobre uma ou outra pequena capela ao longo da costa grega, disfarçadas com representações semelhantes à igreja ortodoxa, que predomina no país. Tomara que o diálogo entre nossas igrejas avance.
Aumentei meu desejo de voltar para casa, reencontrar a igreja doméstica que floresceu de maneira tão magnífica no novo mundo, respirando a liberdade de praticar meu culto cristão, enquanto ainda me permitem. Moral da história? A gente sempre volta diferente de uma viagem: vou prestar mais atenção aos detalhes descritos na Bíblia, e encarnar, dentro de minhas limitações, o Cristo que também precisa ser mais conhecido amado por aqui.