

No ano em que o Brasil receberá a 27ª edição da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) – de 23 a 28 de julho, no Rio de Janeiro –, a Campanha da Fraternidade completa 50 anos tendo como tema “Fraternidade e Juventude”. Uma clara demonstração de que a Igreja está renovando sua opção pelos jovens. E não é por acaso.
Na edição de janeiro/fevereiro da revista “Vida Pastoral”, publicação da Pia Sociedade de São Paulo, o padre Jakson Ferreira de Alencar afirma em sua carta aos leitores que os dados do Censo de 2010 demonstram “preocupante desafeição dos jovens pelas religiões, em particular pelas religiões tradicionais”. Editor da revista, padre Jakson cita que há dez anos havia mais católicos de até 29 anos de idade do que hoje. E que é grande o número dos que se declaram sem religião. Para ele, a Campanha da Fraternidade e a JMJ no Rio “são duas ótimas oportunidades para nos concentrarmos na compreensão dessa realidade e buscarmos melhorar a comunicação com os jovens”, escreve.
Vítimas da sociedade
O Arcebispo de Londrina, dom Orlando Brandes, concorda. “Está na hora realmente da Igreja renovar sua opção pelos jovens porque temos 47 milhões de jovens no Brasil e eles normalmente são as maiores vítimas da sociedade. Além disso, estão mostrando cada vez mais um desejo de encontrar valores e principalmente de encontrar-se com Jesus Cristo”, disse o líder paroquial ao jornal “Presença Viva”, durante o evento Bote Fé, que reuniu centenas de jovens católicos de Londrina e região no ginásio Moringão no último dia 17 de fevereiro.
Em seu discurso durante o lançamento da Campanha da Fraternidade, o secretário geral da CNBB, dom Leonardo Ulrich Steiner, lembrou que o tema da juventude já havia sido abordado pela CF de 1992. Ao repropor o assunto 21 anos depois, a Igreja, nas palavras de dom Steiner, deseja refletir, rezar com os jovens, reapresentando a eles o Evangelho como sentido de vida e, ao mesmo tempo, como missão. “A Campanha é um convite para nos convertermos e irmos ao encontro dos jovens e, ao mesmo tempo, é um convite aos jovens para se deixarem encontrar por Jesus Cristo, caminho, verdade e vida (Jo 14,6) e serem protagonistas da civilização do amor”, afirmou. “Ao assumir como lema o espírito missionário da JMJ 2013 indicado pelo Santo Padre Bento XVI, Ide e fazei discípulos entre todas as nações (cf. Mt 28,19), a Igreja no Brasil deseja convidar os jovens a serem verdadeiros discípulos missionários no mundo de hoje. Jovens colocando-se a serviço da evangelização, também através dos novos ambientes de comunicação”, prosseguiu do Leonardo Steiner.
Agentes de transformação
O presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB, dom Eduardo Pinheiro da Silva, propôs em carta aberta a todos os vigários paroquias e presbíteros do País, no primeiro dia de 2013, que acreditem mais nos jovens como agentes de transformação, “verdadeiros missionários entre os próprios colegas.” “Sem dúvida, as novas gerações necessitam da Igreja; mas Ela não conseguirá cumprir plenamente sua missão se não se render à perene novidade do Espírito Santo que fala a todos, mas quer passar de um modo todo particular pela vida, linguagem, cultura, coração dos jovens que, na sua essência, são capazes de quebrar barreiras, ousar novidades, agir apaixonadamente, amar sem medida, sacrificar-se pelas grandes causas, viver cada instante presente como se fosse único”, afirmou.
A Jornada Mundial da Juventude reúne em média 2 milhões de jovens de todo o mundo. O recorde de participantes ocorreu em 1995, em Manila, nas Filipinas, quando 4 milhões de adolescentes e jovens estiveram presentes. Para o Arcebispo dom Orlando Brandes, a maciça participação da juventude nas JMJs “é um sinal dos tempos, significando que os jovens têm no seu coração o desejo, a saudade, e, por que não, a sede e a fome de Deus.”
As metas de campanha
O Arcebispo de Londrina, dom Orlando Brandes, diz que a Diocese entende a Campanha da Fraternidade deste ano e toda evangelização do jovem a partir das cinco chagas de Cristo, “transformando-as em pérolas e rosas.” São elas:
1) “Aumentar e sustentar o grupo de jovens em todas as paróquias”;
2) “Dar muita atenção, carinho e cuidado para os crismandos”;
3) “Conscientizar os jovens da sua presença nos conselhos municipais da juventude para que possam exercer o seu profetismo e defender os seus direitos”;
4) “Ampliar a visitação nas escolas, porque os jovens estão mais na escola do que em casa ou no trabalho”;
5) “Movimentos, pastorais da Juventude, todos nos unirmos; vamos unir as nossas forças, porque senão seremos um exército grande, mas que se autodestrói. Unindo essas forças, que chamamos de setor jovem, certamente a evangelização da juventude dará um passo muito adiante, muito concreto e muito acertado.”