

“Bergoglio fez muitas reformas, levou a igreja para a favela”, afirmou, em êxtase, o padre argentino Sebastian Vivas, 51 anos, da praça do Vaticano, assim que o nome de Jorge Mario Bergoglio foi anunciado como o novo papa. Pela primeira vez, um jesuíta assumia o cargo máximo da Igreja Católica. Considerado um moderado, de carreira acadêmica, o sucessor de Bento 16 nasceu em Buenos Aires em 17 de dezembro de 1936, filho de um casal de italianos: o pai, ferroviário; a mãe, uma dona de casa.
Após formar-se como químico numa escola técnica industrial, entra para a Companhia de Jesus aos 21 anos e inicia estudos para ser padre. Em 1969, Bergoglio é ordenado padre jesuíta; pouco depois, sofre com problemas respiratórios e perde um pulmão. Entre 1973 e 1979 é o jesuíta responsável pela província de Buenos Aires. Nessa época, é acusado pelo jornalista Horacio Verbitsky, autor de vários livros sobre a ditadura argentina (1976-1983), de colaborar com o regime totalitário e de delatar um médico e dois jesuítas ligados à Teologia da Libertação. Bergoglio sempre negou as acusações.
Em entrevista a jornais internacionais logo após a eleição do papa, o também argentino Adolfo Pérez Esquivel, Prêmio Nobel da Paz em 1980 por sua luta em defesa dos direitos humanos, disse que Bergoglio não colaborou com a ditadura em seu País.
Em 1980, o futuro papa é nomeado reitor da Faculdade de Filosofia e Teologia de San Miguel, onde tinha estudado Filosofia. Ocupou o cargo até 1986, quando partiu para a Alemanha para defender a tese de Doutorado. Torna-se bispo auxiliar de Buenos Aires em 1992, e seis anos depois é nomeado arcebispo metropolitano de Buenos Aires.
Em fevereiro de 2001, Jorge Bergoglio é feito cardeal pelo Papa João Paulo II; em vez de pedir uma roupa nova, o que é comum, pede para usar as vestes do antecessor argentino, cardeal Antonio Quarracino, morto em 1998. No auge da crise econômica em seu País, nos anos 2000, critica as desigualdades sociais, tornando-se desafeto do governo Kirchner. Também se posiciona contra a legalização do casamento gay na Argentina.
A simplicidade do Papa
Ainda como religioso em Buenos Aires, Papa Francisco era conhecido por seus hábitos simples no dia-dia. Dispensava o uso de um carro com motorista oferecido pela Arquidiocese portenha e costumava se deslocar até a igreja usando o transporte público, geralmente o metrô. Quando foi nomeado cardeal, em 2001, convenceu centenas de argentinos a não voar até Roma para celebrar com ele e, em vez disso, doar o dinheiro que gastariam para os pobres.
Os sinais de humildade foram mantidos e notados tanto na postura quanto em suas vestes quando ele virou o novo papa. Em sua primeira aparição aos fiéis, assim que foi anunciado pelo Vaticano como o sucessor de Bento 16, Francisco iniciou seu discurso dizendo “Buona Sera” (boa noite, em italiano), dispensando o latim, conforme a tradição. Antes de abençoar a multidão, curvou-se e pediu que o povo orasse por ele primeiro. Sua roupa era toda branca, sem a mozeta (capa vermelha) sobre os ombros. No peito, usava um crucifixo de ferro, e não de ouro. Em vez de se sentar no trono de papa, ficou de pé para receber os cumprimentos dos cardeais. Antes, assim que foi eleito pelos cardeais no Conclave, havia dispensado o carro oficial e deixou a Capela Sistina no micro-ônibus junto com aqueles que o elegeram.
Frases do Papa Francisco
“A nossa vida é um caminho. Quando paramos, algo está errado.”
“Nós podemos caminhar o quanto quisermos, podemos construir muitas coisas, mas se não confessarmos [professarmos] Jesus Cristo, a coisa não anda. Nos tornaremos uma coisa beneficente, mas não a igreja.”
“Quando caminhamos sem a cruz, quando construímos sem a cruz e quando confessamos um Cristo sem a cruz, não somos discípulos do Senhor. Somos mundanos, somos bispos, padres, papas, mas não discípulos do Senhor.”